Grécia Antiga – O Início – Civilização Minoica

Muito do que temos atualmente se originou na Grécia Antiga. Ela é considerada o berço da civilização ocidental. Democracia, Olimpíadas, Teatro, Filosofia e muitas outras coisas vieram da Grécia e permanecem até os dias atuais.

Mas e como tudo começou? Qual foi a Gênese dessa importantíssima civilização do passado?

Muito antes do século XX a.C., diversos povos que tinham em comum o idioma grego, se deslocaram pela península balcânica rumo ao território que mais tarde seria conhecido como Grécia, ao sul da península. Eram vários clãs, diversos grupos que povoaram as ilhas do mediterrâneo e todo o sul daquela área.

A imagem abaixo tem a finalidade de revelar a posição geográfica e mostrar para onde esses povos foram.

Creta, situada ao sul do mar mediterrâneo, é a maior de todas as ilhas. Possuí cerca de 8.300 quilômetros quadrados e por volta de 3.000 a.C., seus habitantes já manejavam metais como o cobre e desenvolviam embarcações.

Boa parte do solo dessas regiões, não apenas de Creta, mas de toda a península e ilhas do mediterrâneo, era composto por rochas calcárias. Aproximadamente 20% do solo era bom para o cultivo e o desenvolvimento de agricultura. Dessa forma, os gregos precisavam investir em outros meios para o desenvolvimento de sua economia.

Os gregos começaram a desenvolver embarcações para movimentar sua economia por meio do comércio pelo mediterrâneo. A vasta quantidade de árvores presentes por todo o território possibilitou madeira o suficiente para a construção de embarcações.

Os barcos foram de extrema importância para o comércio com outras regiões.

Os cretenses desenvolveram uma frota especial para combates. Um dos objetivos dessa frota naval de guerra era aprimorar o poder de fogo das embarcações e proteger as mesmas de ataques e investidas inimigas, com isso, Creta foi a primeira civilização a se converter em uma potência naval.

Para começar a falar sobre a origem da história da Grécia, é importante iniciar com os habitantes de Creta. Por volta do século XX a.C., a ilha possuía um governo centralizado em uma monarquia. Com isso houve um fortalecimento de Creta. Diversas obras de arte foram desenvolvidas, eventos envolvendo touros foram organizados, suntuosos palácios erigidos e até lendas foram criadas.

Curiosidade: Em um episódio do seriado mexicano Chaves (El Chavo), há um episódio intitulado entre touros e chifradas – Parte 2 (Los toreros y toros – Parte 2). Nesse episódio há um diálogo entre Seu Madruga (Ramón Valdés) e o professor Girafales (Rubén Aguirre). Nessa conversa o professor pergunta ao Seu Madruga quem foram os primeiros a organizarem espetáculos taurinos, e por não saber a resposta, o próprio professor responde que foram os antigos habitantes de Creta e em seguida o Seu Madruga responde: “Ah sim, os cretinos!”. Mas logo é corrigido pelo professor que os chama pelo nome correto, cretenses.

Há muitas informações presentes na Mitologia Grega que revelam sombras da verdade presentes na história da Grécia Antiga.

Em Creta, uma criatura cultuada e temida era o Minotauro. Seu nome significa: Touro de Minos. Tal criatura surgiu como resposta a desobediência de Minos, um dos reis de Creta.

Minos, segundo a mitologia dos gregos, foi o maior dos reis de Creta. Ele era filho do próprio Zeus e quando deixou o mundo dos vivos, continuou tendo autoridade no inferno. No mundo dos mortos, Minos foi eleito como o principal dos três Juízes do Inferno sob o comando do Imperador Hades, o deus do mundo inferior.

O domínio de Creta não foi bem visto pelos gregos que sucederam o período conhecido como Minóico (3.000 a.C. – 1.400 a.C.). E isso pode ser observado pela história mitológica de Teseu, a qual será narrada posteriormente.

O Período Minóico tem esse nome em menção ao rei Minos. Segundo a lenda, Minos teria pedido a Poseidon, o imperador dos oceanos, para que o trono de Creta fosse dele. O deus dos mares atendeu ao pedido de Minos e enviou um touro que emergiu das águas na praia da imensa ilha de Creta.

Minos deveria sacrificar aquele touro para Poseidon como sinal de obediência e gratidão ao deus dos mares pela posição hierárquica elevada que possuía como rei em Creta, contudo, o rei gostou muito do touro e não o sacrificou, antes, trocou o animal por um dos touros que tinha em suas fazendas. Para seu infortúnio, Poseidon percebeu a troca e lançou um feitiço contra Pasífae, esposa de Minos. Ela se apaixonou pelo animal e da união de ambos nasceu o Minotauro, uma criatura metade homem, metade touro.

Minotauro – Imagem de Th G por Pixabay.

Minos não queria sacrificar a criatura, mas não poderia deixar o Minotauro solto pela ilha. Seria muito perigoso. Decidiu então selá-lo em uma câmara subterrânea. Minos contratou os serviços de Dédalo, um exímio arquiteto, o qual construiu um labirinto abaixo do palácio real, o labirinto do palácio de Cnossos.

O rei Minos venceu uma guerra contra Atenas e com isso instituiu uma regra. Todo ano, Atenas precisava enviar catorze jovens, sete homens e sete mulheres para Creta. Esses jovens deveriam ser virgens e seriam trancados na labirinto para servirem de alimento para o Minotauro.

Mas houve um ano em que entre os jovens selecionados como sacrifício, estava Teseu, o príncipe de Atenas, filho do rei Egeu. Ele foi enviado com outros treze jovens, mas seu objetivo era regressar com vida após destruir o filho de Minos que a cada ano ceifava a vida de atenienses. O rei Egeu tinha esperança que seu filho retornaria com vida, mas para garantir, ele pediu que quando seu filho estivesse voltando, içasse outras velas nas embarcações, esse seria o sinal de que havia prevalecido contra o Minotauro e estava bem.

Quando chegou em Creta, se deparou com a bela Ariadne, a princesa de Creta, filha e Minos e irmã do Minotauro. A princesa se apaixonou pelo herói grego assim que o viu e entregou ao mesmo um pedaço de novelo de lã. Com a lã ele poderia sair do labirinto após derrotar a criatura que lá vivia.

Teseu amarrou uma ponta do novelo na entrada do labirinto mortal e seguiu seu caminho. Por onde passava ele soltava um pouco do novelo, dessa forma, era só regressar pelo caminho marcado pela lã que encontraria a saída. Pois, não adiantaria ele vencer a fera e morrer de fome, sede e cansaço no interior do labirinto por não encontrar a saída.

Teseu encontra a fera, mata a mesma e volta como vitorioso tomando os sobreviventes atenienses consigo. Ele também leva Ariadne para Atenas e volta para a polis da deusa da sabedoria como um herói. Infelizmente ele esqueceu de trocar as velas do navio e ao contemplar outras velas içadas, o rei Egeu pensou que seu filho havia morrido e em meio ao desespero, se lançou no mar, onde morreu, por conta disso o nome no mar é Egeu, em honra ao rei de Atenas.

Teseu é um herói grego que simboliza a força por derrotar o Minotauro, mas também representa a sabedoria e inteligência ao usar o novelo de lã para encontrar a saída do labirinto. Atenas sempre foi reconhecida como o berço da filosofia e conhecimento e eles fizeram questão de levantar esse estandarte ao enunciar seus mitos.

Teseu e o Minotauro – Imagem de Alex Sky por Pixabay.

O rei Minos ficou furioso. O Minotauro havia morrido, seu labirinto não foi inteligente o suficiente para prender o assassino e ainda perdeu sua filha, a qual fugiu com o príncipe ateniense. Minos decidiu punir o arquiteto do labirinto e lançou Dédalo e seu filho, Ícaro no labirinto.

Essa história lendária reflete um acontecimento da história, a alternância de poder que antes estava em Creta e agora passa a situar-se em Atenas.

Além disso, trabalhos arqueológicos como os desenvolvidos pelo arqueólogo inglês sir Arthur Evans no final do século XIX, encontraram vestígios de um magnífico palácio e próximo ao mesmo um complexo sistema de túneis os quais certamente deram origem ao mito do Minotauro. Ou seja, por mais que os relatos mitológicos sejam tremendamente distantes da realidade, algumas sombras dos mitos traziam elementos reais da cultura dos povos gregos antigos.

Os domínios dos habitantes de Creta se expandiram muito e a partir da enorme ilha do mediterrâneo, avançaram para o norte e levaram seus costumes, conhecimentos e cultura. Os diversos povos de fala grega situados naquelas áreas foram atingidos pela cultura cretense que chegou até eles, por consequência, o conhecimento obtido pelo contato com os cretenses, permitiu a evolução daqueles clãs. Não demorou para que erigissem enormes cidades e se tornaram ainda mais poderosos e hábeis graças ao conhecimento adquirido dos cretenses.

Creta tinha uma força naval surpreendente para a época, mas o restante do mundo grego era conectado ao continente, sendo assim não gozava das defesas naturais propiciadas pelas águas. Obviamente outros povos poderiam atacar vindo pelas águas como os vikings fizeram no final do século VIII na Inglaterra, mas a força naval de Creta era superior aos seus inimigos contemporâneos.

Creta não tinha muralhas em torno de suas cidades, mas as polis que começaram a surgir na península balcânica precisavam se preocupar em edificar tais estruturas de defesa. Importantes cidades como Atenas, Tebas, Corinto e Tirinto foram crescendo e a medida que se fortaleciam, aumentava o desconforto em ter que pagar tributos a Creta.

As cidades gregas se revoltaram contra o domínio dos cretenses. Além de seus esforços, podem ter imaginado que os deuses haviam escutado suas orações e entregue o poder de suas cidades em suas mãos, pois um abalo sísmico ajudou os gregos na devastação de Creta. A Grécia se situa geograficamente acima de falhas geológicas, isso resulta em terremotos, vulcanismos e processos orogenéticos na região.

Não apenas a influência dos cretenses havia chegado para as outras cidades gregas, mas a cultura dos gregos também atingiu a ilha e aos poucos crescia. Essa influência aos poucos tomava conta dos costumes cretenses, portanto, as investidas físicas dos gregos, bem como os desastres naturais, ajudaram com a queda da civilização cretense.

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